quarta-feira, 24 de agosto de 2011

"De amar e de partir"

Canção que abre o disco "Eletrorquestra", "De amar e de partir" nasceu de uma parceria que vem de outros caminhos entre Lu Guedes e o poeta João de Jesus Paes Loureiro. Por email, o poeta conta como essa história muscial começou. E você confere abaixo:


Paes Loureiro

Equipe do Blog (E.B) - Como surgiu a parceria e essa amizade de vocês?
Paes Loureiro (P.L.) - Eu conheci primeiro os trabalhos de design da Lu. Gostei muitíssimo e a convidei para criar o projeto gráfico do livro "Fragmento", contendo imagens do meu poema título, da bailarina Ana Unger que coreografou e dançou um dueto com o poema projetado no palco e fotografias do Luiz Braga. Foi quando ficamos amigos e conheci sua arte musical. A partir daí passei a admirar seu talento nas duas áreas.
 Qual foi a primeira canção que fizeram juntos?
 E.B -  Paes Loureiro - Foi "Luandar", incluído no importante e belo  disco "Estrela d'Água". Que permanece ainda praticamente inédito. O que é uma pena. Eu tinha viajado para passar um ano em Portugal escrevendo grande parte do meu romance "Café Central - O tempo submerso nos espelhos" e a realizar seminários sobre estética no teatro e na dança. De lá mandei, via internet, a letra pra que ela musicasse.
 E.B -    E ‘De amar e de partir? Você fez a letra e mandou por email pra ela.  Como foi a criação da letra exatamente?
Paes Loureiro - Também. Aliás, temos duas músicas neste CD novo. Essa e "Imagens do rio". Toda vez tenho criado as letras em função dela, no que imagino de sua sensibilidade e pelo que conheço de sua visão da criação musical, que coincide imensamente com a minha.
 E.B - Como é ter uma letra musicada pela Lu Guedes? Ela consegue colocar o som nas tuas letras da forma como você imaginava?
P.L.- É, em primeiro lugar, a  garantia de fina sensibilidade e bom gosto na composição. E, também, porque a sua melodia que nasceu depois da letra parece que brota dos versos. Como a Lu também é muito boa letrista, há fluente harmonia com as minhas letras.
 E.B -  No que te inspiraste pra fazer a letra dessa canção, quais foram as tuas referências pra ela?
P.L. -  Uma canção, como toda arte, nasce de uma forma de sentir particular que se torna expressão do sentimento de quem escuta. Se universaliza, portanto. Quem escuta a obra sente o sentimento de quem criou, mas, através do seu sentimento pessoal de ouvinte. As minhas referência, no caso da música "De Amar e de Partir" nascem da emoção pessoal experimentada desses sentimentos  e da visão poética imaginada de todos os sentimentos possíveis de amares e   partidas existentes no mundo. Sabia que a Lu incorporaria essas emoções musicalmente expressas na letra. O que, plenamente, aconteceu.     
 E.B - A letra é dolorida e você consegue visualizar o que está sendo cantando. Quando escreves uma letra, tu pensas nessa questão da imagem, ou é algo que vai brotando. Como é que isso funciona?
P.L. - Na criação a gente pensa brotando enquanto brota pensando. No caso de uma letra, temos que pensar por nós e pela parceria. Uma letra é uma espécie de poema cuja alma é a melodia. Quando faço letras para a Lu, que é do que estamos falando, eu crio dentro do que percebo do espírito dela, daquilo que imagino de seu sentimento, de um modo que ela possa sentir a letra como nascida de sua alma. Creio que na hora de se colocar a melodia  no poema, ou vice versa,  há uma espécie de cópula virtual, em que as duas partes se interpenetram e se fecundam.
E.B -  Qual a canção do disco que mais te agrada, qual a tua canção eleita se tivesses que escolher uma canção e que esta fosse capaz de traduzir toda a sonoridade do disco, qual seria?
P.L. - O espírito do disco, eu penso que está em "De amar e de partir" conjugado com "Imagens do rio". Para destacar o que você qualifica como sonoridade, eu arrisco em apontar, de acordo com minha parceira,  "De Amar e de Partir". Mas, o que dirão as pessoas quando escutarem/sentindo o disco? Pode coincidir ou não com o que eu disse aqui. Eis a tortura do artista: a última palavra não é a sua, mas a de quem ou escuta, ou lê, ou contempla!... 

Veja e ouça a canção:



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